“Ser ou não ser, eis a questão!”
Esta é a famosa frase de Hamlet, obra de William Shakespeare.
É uma frase não só sobre viver ou morrer e as escolhas que nos poderão levar a um desses estados, mas também sobre consciência e a decisão de agir, pensar ou dizer, respeitando a nossa identidade e abraçando o que advém das nossas escolhas.
Todos nós nascemos com duas necessidades base: sermos aceites e afastar a rejeição.
Cada vez mais essas necessidades tomam proporções desmensuradas, pois alargou-se o leque de possibilidades para realizarmos termos de comparação.
A publicidade divulga a imagem perfeita, a alimentação perfeita, os bens perfeitos para se ter, a visão de sucesso perfeita.
O crescimento e desenvolvimento da indústria cinematográfica, põe em nossa casa e na nossa mente conceitos do que é o corpo perfeito, o estilo de vida perfeito, o amor e as relações perfeitas e o sonho perfeito.
As redes sociais apresentam-nos uma realidade perfeita, com pessoas perfeitas, com sentimentos perfeitos e um dia-a-dia perfeito.
E nós cada vez mais sentimos a dor da nossa imperfeição… não percebendo na maioria das vezes, que são essas imperfeições que nos tornam únicos, diferentes e especiais.
Cada vez mais temos dificuldade em aceitar a nossa identidade.
E perante a multiplicidade de papeis que temos de assumir na nossa vida, em vez de imprimirmos neles o cunho da nossa individualidade, acrescentando algo e enriquecendo as situações e relações que constituem esses papeis, fechamo-nos na concha do que esperam de nós e agimos como impressões desfocadas uns dos outros.
Claro que é importante percebermos que vivemos em sociedade e que é essencial adaptarmo-nos a uma vivência conjunta, mas se nos robotizarmos, ao longo do tempo perdemos o que a humanidade mais tem para oferecer: as diferenças entre cada indivíduo.
É a nossa individualidade que acrescenta algo ao nosso mundo. O medo de sermos excluídos, julgados ou rejeitados, faz com que muitas vezes não nos aventuremos em novos caminhos e com isso podemos estar a perder a oportunidade de dar um contributo único, que irá ter impacto não só individual, mas no todo que nos rodeia.
E é dessa forma que devemos deixar que os outros nos influenciem, estimulando, através da sua individualidade, identidade, diferença e singularidade, a nossa própria individualidade, identidade, diferença e singularidade e, dessa forma, que nos incentivem a pensar mais, a fazer mais, a dizer mais e a atingir mais.
Pois se todos nós mantivermos a nossa forma de ser única, estamos sempre a acrescentar e a acumular à singularidade que nos rodeia.
Temos de romper amarras, deixar de nos condicionar e de calar o grito que temos dentro de nós, pois isso põe a roda da vida e da evolução a girar de forma lenta, em vez de girar a toda a velocidade e no seu máximo potencial.
Por isso… “Ser ou não ser, eis a questão!” … SER… SEMPRE!