As Conversas de Quarentena começaram no dia 21 de março de 2020, no Instagram.
Decidi fazer isto pois, face ao período que estamos a atravessar, em que a Pandemia afeta não só as nossas vidas, como também o nosso próprio ser, acredito que se cada um der um pouco de si, será muito mais fácil para todos.
Acredito que juntos somos mais fortes e juntos conseguiremos ultrapassar todas as adversidades e desafios.
Esta primeira conversa começou com uma visão geral do que estamos a enfrentar, qual a melhor forma para lidar com este desafio e o que podemos aprender com ele.
Neste artigo, decidi partilhar convosco o que foi falado no decorrer desta conversa.
Nos próximos artigos que aqui deixar, farei o mesmo, pois acredito no poder da partilha e tal como disse na divulgação destas “Conversas”: “Todos somos diferentes, mas algumas das nossas diferenças são as similaridades de outros tantos…” e talvez o que aqui deixar possa fazer a diferença na vida de alguém!
Vamos então começar…
Ao longo do tempo, existe algo que de forma persistente temos descurado: a nossa saúde e bem-estar.
E este descuido não é apenas físico, mas também mental e emocional.
O facto de não termos agido preventivamente, faz com que agora, perante esta situação, nos deparemos com um duplo problema e nos questionemos com regularidade se estamos suficientemente fortes (física e mentalmente) para enfrentarmos este desafio.
Isto faz aumentar o nosso sentimento de vulnerabilidade.
E é por isso que daqui devemos tirar a primeira aprendizagem: cuidar de nós a todos os níveis deve ser sempre uma prioridade.
E com base nesta nova aprendizagem, deveremos ter atualmente atitudes que nos beneficiem neste aspeto, como por exemplo garantir o reforço da nossa imunidade, tão importante para fazermos frente a este vírus.
Para a maioria das pessoas, garantir uma boa imunidade só depende de si, das suas escolhas, dos seus hábitos e do seu estilo de vida.
Esta é a altura ideal para adotar boas práticas.
Por isso, aqui deixo algumas recomendações:
– Faça uma alimentação saudável. Não se deixe levar pela fome emocional, que provavelmente vai andar à espreita com mais frequência nesta altura. Utilize várias formas de cozimento de alimentos e, para continuar a consumir legumes e frutas com regularidade, utilize algumas técnicas de conservação, como o congelamento. Tenha atenção ao bom funcionamento do seu intestino, pois ele está diretamente relacionado com a sua capacidade imunológica.
– Beba água. Ela é uma parte essencial do nosso organismo e sem ela não funcionamos a 100%, além de que é determinante para libertar o organismo de toxinas.
– Garanta um bom descanso e zele pela qualidade do seu sono. A falta de sono estimula a libertação de cortisol, que tem efeito imunossupressor, ou seja, baixa a nossa imunidade.
– Continue a praticar exercício físico ou inicie algum tipo de exercício fácil e moderado. Ele é fundamental não só para nos manter saudáveis, como também melhora o humor e aumenta o bem-estar, que serão essenciais para conseguirmos ultrapassar esta fase de forma equilibrada. As novas tecnologias dão-lhe inúmeras opções que não o obrigam a sair de casa.
Além destas dicas que aqui deixei relacionadas com a imunidade, deixo outras tantas que poderão ser fundamentais para ultrapassar este obstáculo e para aprender com ele.
– Olhe para esta situação como uma forma de repensar a sua vida e as suas prioridades. Afinal, o que é realmente importante para si?
– Aproveite este tempo, em que a maioria de nós está limitado no que pode fazer, para tirar o pé do acelerador. Adote outro ritmo para a sua vida. Simplifique e leve essa simplicidade para o seu futuro, para que quando esta situação for ultrapassada, o “andar a correr” não seja uma constante na sua vida.
– Neste período vai ter oportunidade para estar verdadeiramente consigo. Vai poder testar as suas emoções, os seus medos, as suas fragilidades, as suas prioridades, os seus limites, as suas forças e as suas capacidades. Questione-se. Questione a pessoa que achava que era. Questione-se sobre quem quer ser. Desenvolva autoconsciência e autoconhecimento, de forma a aproximar-se da sua essência. Isso vai fazer com que saia desta batalha muito mais forte.
– Neste momento de fragilidade, perceba que é uma parte de algo muito maior. Mas perceba também a importância vital que cada uma das partes tem nesse todo e faça o que lhe compete.
– Mantenha pequenas rotinas, como por exemplo, mesmo em quarentena, vestir-se como se fosse sair. Este tipo de práticas são fundamentais, não só para a autoestima, mas também para a produtividade, pois dão um comando ao cérebro com um “estou pronto”.
– Envolva-se nas suas relações. Não só fisicamente, mas como um todo. Todos estamos a enfrentar desafios, alguns mais comuns e outros mais pessoais. Mas estamos todos no mesmo barco. Converse com as pessoas que estão consigo e também com as que estão distantes (as novas tecnologias estão cá para isso). Partilhe o que lhe vai no coração, pois partilhar cura. E quando for recetor de alguma partilha, não ouça apenas, mas escute. Isso poderá fazer toda a diferença.
– Perceba que o medo vai fazer parte desta situação, é normal! É provável que sinta medo de ficar doente, que algum dos seus fique doente, das dificuldades financeiras que se avizinham, da duração desta situação, as possibilidades são inúmeras. Apesar de o medo ser um sentimento normal e não dever ser ignorado, ele não pode paralisar-nos. Ele deve servir como um gatilho para a ação e não como um motivo de inércia. Use-o como um estímulo à criatividade e sempre com o foco na solução.
– Empenhe-se em manter a sua mente saudável e forte. Para isso habitue-se a monitorar os seus pensamentos e a trazê-los à consciência. Descarte os que não lhe trazem qualquer benefício. É um trabalho que deve ser continuo e que depois de ser iniciada como um esforço, passará a ser uma ação quase inconsciente, mas que lhe trará um imenso bem-estar.
– Perceba que é importante manter-se informado. A informação é imprescindível nesta altura. Mas não precisa de ver todos os telejornais do dia, ler tudo o que lhe enviam pelos vários meios disponíveis ou ir à internet de 5 em 5 minutos para se manter atualizado. Se o fizer vai deixar-se engolir por uma avalanche de imagens negativas e informações dúbias, que terão um efeito devastador na sua mente.
– Vão existir desafios? Claro que sim! Mas o foco deve ser sempre na solução e não no problema, pois é ela que o fará avançar, descobrir novas alternativas, novos caminhos, novas possibilidades. Não consegue vislumbrar uma solução? Fale com alguém. Ouça novas perspetivas e aceite novos ângulos. Essa forma de olhar diferente pode fazê-lo chegar à sua resposta. E lembre-se mesmo em isolamento, não está sozinho.
Nesta primeira live (e apesar de ir realizar uma mais específica sobre este tema), deixei algumas dicas para quem está a enfrentar algumas dificuldades em trabalhar a partir de casa:
– Repense a sua forma de trabalhar. O foco deve estar nos objetivos e não no tempo de trabalho.
– Os seus objetivos não devem ser demasiado ambiciosos, nem demasiado simples, mas sim exequíveis.
– Tenha sempre um objetivo semanal. Divida-o em objetivos diários que o façam chegar até ele.
– Atenção! As pausas são essenciais. Veja os timings que melhor funcionam para si, de acordo com o seu contexto, e cumpra-os.
– Mantenha uma agenda e os horários que definiu. A organização é essencial para trabalhar a partir de casa.
– Privilegie a manhã para as tarefas mais complexas, pois temos a mente mais descansada e normalmente maior foco.
Para terminar, deixei algumas reflexões associadas ao momento que atravessamos:
– Nós somos todos iguais! O vírus não escolhe nações, culturas, cor da pele, idioma ou religião. Estamos todos no mesmo barco. Isto deve servir-nos de lembrete.
– Nós não controlamos tudo, não estamos no pleno comando! A única coisa que podemos controlar e a nós próprios: as nossas escolhas, os nossos comportamentos e os nossos pensamentos.
– Sozinhos não somos nada! Este isolamento mostra-nos o quanto os outros nos são importantes e como devemos demonstrá-lo sempre que tivermos oportunidade.
– É essencial mantermo-nos positivos e esperançosos, pois é esse o gatilho para seguirmos em frente. O medo pode fazer-nos ser cautelosos e preventivos, mas não nos pode paralisar, porque se assim for damos um sinal de desistência, tanto da vida como do futuro.
– Afinal o que era importante, não o era! Esta reflexão sobre as nossas prioridades, fará com que consigamos reconhecer o que verdadeiramente tem valor para nós.
– Seja grato, sempre, todos os dias! Esta situação dá-nos uma nova perspetiva sobre a gratidão, pois deixámos de ter, mesmo que momentaneamente, o que tomávamos como garantido.
» Estarmos privados de sair livremente, irmos tomar um café, irmos a um restaurante, a um espetáculo, ao cinema, sair com amigos e família, faz-nos repensar a dimensão da gratidão.
» Por isso, agradeça todas as pequenas coisas do seu dia, ela estão aí para si, ao seu alcance. Não as tome como garantidas e dê-lhes o devido valor:
- Uma atividade em família, pois há quem esteja sozinho.
- As crianças a correr pela casa, pois há quem desse tudo para poder presenciar essa agitação e alegria.
- Poder trabalhar a partir de casa, pois há quem não o possa fazer.
Por hoje deixo aqui este pouco de mim. Espero que faça diferença!