Olhando para o título, podia tratar-se de um texto sobre a importância dos nossos antepassados, do peso da nossa cultura ou da influência da nossa hereditariedade.
Mas não…
Quero começar este texto com um conto que ouvi no outro dia e achei maravilhoso!
É um conto que tem tudo a ver com algo que costumo falar muito nos textos que aqui publico: a perspetiva e a possibilidade que todos nós temos de olhar para as coisas que nos acontecem de várias formas e ainda termos a possibilidade de escolher qual desses pontos de vista queremos imprimir no nosso caminho pela vida.
O conto é assim:
Era uma vez um homem que estava extremamente frustrado com a sua vida. Por mais que trabalhasse e se esforçasse só conseguia ver a derrota.
Sentindo-se completamente defraudado com a vida, ele decidiu deixar tudo o que tinha até então e refugiou-se num bosque.
Nesse bosque ele conheceu um monge e partilhou com ele a sua história de fracasso.
Após terminar o seu relato, pediu ao monge que lhe desse uma boa razão para não desistir de tudo.
Então, o monge apontou para duas plantas e disse-lhe:
– Está a ver aquele feto e aquele bambu?
– Sim – disse o homem.
– Quando plantei as suas sementes, tratei muito bem delas. Dei-lhes água, sol e fertilizante.
» Em muito pouco tempo, o feto brotou da terra.
» Mas apesar de continuar com todos os cuidados com as sementes de bambu durante anos, nada apareceu no primeiro ano e nos seguintes, pouco mais que cresceu do que um ou dois centímetros.
» Apesar de não haver qualquer sinal de crescimento, não desisti das sementes de bambu.
» No quinto ano, apareceu um broto forte e em poucos meses o bambu cresceu mais de um metro. Foi como uma explosão de dentro da terra.
» Por isso, eu tenho uma pergunta para si: o bambu ficou adormecido na terra durante cinco anos, para depois crescer exponencialmente em pouco tempo?
Confuso com a pergunta, o homem ficou calado e pensativo.
O monge disse-lhe então:
– O bambu esteve a crescer debaixo da terra. A desenvolver uma raiz suficientemente forte que conseguisse sustentar o seu potencial, não só nesse quinto ano de grande crescimento mas em todos os que viessem a seguir a esse.
» Caso o bambu não tivesse fortalecido a sua raiz, não iria conseguir sobreviver à medida que crescesse.
» Por isso, durante todo este tempo que você se esforçou, trabalhou arduamente e se sentiu em conflito consigo mesmo, esteve a desenvolver e a fortificar as suas raízes.
Nesse dia, o homem aprendeu o valor do trabalho árduo e da persistência e pode continuar a sua vida em busca dos seus sonhos.
E isto é o quero dizer com o título.
Dê valor a todas as suas experiências. Olhe para elas como aprendizagens e como uma forma de fortalecer as suas raízes. São esses desafios, pelos quais vai passando, que lhe permitem conhecer-se melhor, perceber o seu potencial e desenvolver as suas capacidades.
Por isso, nos dias em que quiser desistir e deixar tudo para trás, nos dias em que duvidar das suas capacidades, nos dias em que sentir que não vai conseguir, lembre-se das raízes fortes que está a desenvolver e como elas irão sustentar todo o seu potencial.
E tal como um bambu, quando vierem os ventos fortes, que tudo levam à frente, você poderá dobrar, adaptando-se a cada rajada, mas não será levado pelo furacão.